quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Translactando...

No dia seguinte, fomos até à casa da especialista em bebês e amamentação, a francesa Stéphanie Sapin-Lignières. Além de abrir sua residência para consultas individuais, é lá que também funciona o "Prepar", curso ministrado por ela.
 
Com uma bagagem de mais de 30 anos assistindo papais, mamães e bebês, Stéphanie é renomada no Brasil inteiro por desenvolver e praticar técnicas que visam o bem estar do bebê e dos pais desde a gestação ao fim da amamentação.

Durante a gravidez da minha mulher recebemos várias orientações por meio do curso Prepar.

Desde o início deste blog sugiro que pais e mães façam cursos com especialistas. Durante as aulas, além de aprender, vocês poderão tirar todas as dúvidas ou, caso já tenham filhos, fazer uma boa reciclagem. O conhecimento adquirido durante as aulas (muitas delas práticas) dará mais segurança e tranquilidade aos pais.

Foi em uma de suas aulas, que descobrimos o que é a translactação. Porém, nunca imaginamos que um dia fossemos praticá-la.

Translactação é quando o bebê se alimenta por meio de uma sonda ligada a um reservatório com leite artificial. A sonda é colocada paralela ao bico do peito da mãe. Quando ele abocanha o peito, sem perceber, ele também suga a sonda, trazendo o leite artificial até a sua boca. Isso não impede que ele também beba o leite que sairá do peito durante a sucção. 

 Imagem retirada do site Mama Tutti.

A ideia básica da translactação é manter o contato do bebê com o peito. Desta forma, além de estimular a produção do leite por meio da sucção do bebê*, a mãe garantirá a ingestão de leite materno pelo seu filho, nem que seja em pequenas porções.

*Os hormônios responsáveis pela produção do leite materno, Ocitocina e Prolactina, são liberados durante o ato de mamar.

Temerosos com o fato do nosso filho ter começado a tomar leite artificial na mamadeira e, assim,  correr o risco de largar o peito e paralisar a produção do leite materno, ficamos por quase duas horas sob a assistência da Stéphanie, naquela tarde.

Atenciosa e tranquila, com uma bomba elétrica, ela verificou a produção de leite da Juliana. Saíram apenas algumas gotas de leite, comprovando a teoria de que a produção estava pequena demais para atender à necessidade do nosso filho.

A inclusão do suplemento era inevitável, porém, a partir de agora, íamos dar o leite artificial ao Antônio Bento de uma forma não-convencional, utilizando a translactação e muita paciência.

Aquela história de que "o seu leite está fraco" não existe. Todo o leite que sai do peito, mesmo que em poucas quantidades, é muito importante para o bebê. Nele contém substâncias que o leite artificial não tem, além de trazer em sua fórmula anticorpos da mãe.

Lá estávamos nós, tentando fazer de tudo para que o nosso filho recebesse o melhor. Mas o trabalho para aumentar a produção de leite não parou por aí. Além do estímulo da sucção - já resolvido com a translactação -  foi necessário que a minha mulher descansasse, tomasse cápsulas de alfafa, chá da mamãe com diversas ervas, plasil (o medicamento estimula a produção de leite e deve ser receitado por um médico) e ordenhasse com a bomba elétrica os dois peitos após cada mamada (o que também estimula a produção).

Quanto ao pediatra psicopata citado no último post, nós o abandonamos - mas essa nova etapa, eu contarei no próximo post.

Essa experiência nos serviu para entendermos que nem sempre o que o pediatra fala é uma sentença definitiva e que são poucos os profissionais que entendem profundamente sobre o aleitamento materno e todas as suas possibilidades. Pesquisem sobre o tema e alertem suas mulheres sobre as técnicas e práticas existentes antes de decidirem pela retirada do leite materno.


Antônio Bento (ainda magrinho) e Stéphanie

*O uso de medicamentos para estimular a produção de leite deverá ser prescrito por um médico.

Curso Prepar  - www.stephanieprepar.com.br

Um comentário:

  1. Olá,
    nunca comentei em nenhum blog antes. Mas, ao ler suas histórias, parecia que estava revendo tudo que passei quando minha filha nasceu, há 1 ano e 4 meses. O choro sem parar; a dúvida da chupeta (o pai não queria a princípio, mas terminou por ceder e nós demos, e ela não largou o peito...); a perda de peso por causa do meu pouco leite; o uso da sonda tanto com leite artificial quanto com o meu mesmo, quando conseguia ordenhar; o pozinho mágico da funchicória... kkkkk
    Parabéns por narrar tudo isso tão bem, e pra que a gente veja que essas coisas não acontecem só com a gente.
    Eu, como sua esposa, também insisti na amamentação e, apesar de fazer a complementação com leite artifical, segui amamentando até os 8 meses de Sofia.
    Hoje, olho pra ela e vejo que tudo valeu a pena, e como!!!

    ResponderExcluir